Será que isto nos torna ativistas em prol da paz e a justiça?
Partindo do que eu disse até aqui, você poderia pensar que estou dizendo que todos devemos ser ativistas em prol da “paz e da justiça”. Ou que deveríamos organizar manifestações de protesto na frente das usinas nucleares ou as fábricas de munições. Mas não é isso que quero dizer.
O ativismo em prol da “paz e da justiça” é simplesmente a outra face do ativismo em prol de Deus “e da pátria”. Ambos os lados supõem que os reinos do mundo são parte do reino de Deus, ou pelo menos, que os reinos do mundo podem ser governados por meio dos ensinos de Jesus. Mas, será que Jesus tentou “cristianizar” o mundo? Quando Jesus esteve perante Pilatos, lhe fez alguma palestra a respeito dos vários males sociais presentes no Império? Será que os cristões do Novo Testamento se mobilizaram para que cessasse a pena de morte e a tortura em todo o Império Romano?
As incoerências dos ativistas em prol da “paz e da justiça”
Os cristões pela “paz e a justiça” acham que são muito espirituais, em comparação com os fundamentalistas de direita. Eles acham que são os únicos defensores dos ensinos de Jesus. Mas a verdade é que são tão mundanos quanto os fundamentalistas de direita. Eles simplesmente se ajustam a um setor diferente do mundo, os liberais de esquerda. No entanto, tal como o Partido Republicano, o Partido Democrata também é o mundo.
Igual a seus correspondentes da direita, os cristões pela “paz e a justiça” praticam um enfoque seletivo dos mandamentos de Jesus. De alguma maneira os arranjam para escolherem somente os ensinos que vão bem com os círculos de esquerda. Eles se pronunciam fortemente contra os pecados da guerra e da avareza econômica. Mas em geral permanecem calados quando se tratam de outros pecados como o divórcio, o aborto e o homossexualismo. Eles acham que podem ser cidadãos ativos do reino de Deus e ao mesmo tempo serem “politicamente corretos”.
No entanto, Jesus nunca se preocupou em ser politicamente correto. Ele não fez isso no primeiro século e nunca o fez desde então. Ele não veio para pregar uma mensagem sobre a necessidade de mudar os governos e os reinos deste mundo. O que procurava era transformar os indivíduos, e não o mundo. Ele veio para nos convidar a fazermos parte de seu reino.
Sua mensagem não foi: “Imponhamos impostos pesados sobre os ricos para solucionarmos o problema dos pobres”. Não, sua mensagem foi: “David Bercot, renuncie os teus confortos e ajude os pobres”. Nem ele nem seus apóstolos se uniram a nenhum comitê de ação política para fazer que Zaqueu apoiasse economicamente os pobres com toda sua riqueza. Não, Jesus mudou Zaqueu para que Zaqueu quisesse cuidar dos pobres.
Os cristões pela “paz e a justiça” fazem muita agitação contra a pena de morte, a qual mata uns cem norte-americanos a cada ano.1 No entanto, a maioria deles mantém silêncio total sobre temas como o aborto, pelo qual morrem mais de um milhão de norte-americanos a cada ano.2 Os cristões pela “paz e a justiça” protestam contra a discriminação contra as mulheres, mas permanecem muito calados quando se trata da discriminação contra os homens. Eles denunciam qualquer perseguição contra os revolucionários de esquerda, mas quase nunca dizem nada da perseguição que sofrem os cristões sob as ditaduras de esquerda. Tal como os cristões por “Deus e pela pátria”, eles deixam que o mundo dite sua agenda.
Os cristões do reino são antiamericanos?
Muitos cristões pela “paz e a justiça” acham que quase todos os males do mundo são causados pelos Estados Unidos. Eles constantemente arremetem contra os pecados e as políticas dos Estados Unidos. No entanto, fazem vista grossa com relação aos males e as opressões de outros governos.
Os Estados Unidos não são “o país de Deus”, como também não o é nenhum outro reino deste mundo. Nele há desigualdades, orgulho e egoísmo, como em todos os outros países do mundo. Os Estados Unidos têm usado sua enorme riqueza e poderio militar principalmente para conseguir seus próprios interesses egoístas. Raramente usam seu dinheiro e poder para ajudarem uma nação pobre e impotente, a não ser que essa nação seja importante para os próprios interesses norte-americanos.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos, sem dúvida, é uma das potências mundiais mais benevolentes que jamais existiu. Não usaram seu poder tão cruelmente como a maioria das potências mundiais do passado tais como Rússia, Espanha, Roma, Babilônia e Assíria. Além do mais, têm sido tolerantes com o cristianismo, e não só com o cristianismo mundano. Também têm sido muito tolerantes com o cristianismo do reino. Os cristões do reino devem ser muito agradecidos pelas liberdades que o governo norte-americano lhes concede. Na atualidade, a maioria dos países europeus oferece as mesmas liberdades, mas os Estados Unidos foi o primeiro a fazê-lo.
O caminho estreito do reino exclui tanto os ativistas políticos de direita como os de esquerda. Os cristões do reino honram e obedecem a seus governos. Mas eles não acham que seu país seja de algum modo “o país de Deus” ou um sócio do reino de Deus. Eles sabem que o reino de Deus não é deste mundo.